Na
madrugada do último sábado, 27, o jovem Guarani Kaiowá Agripino da
Silva, de 23 anos, se matou. Entre 2000 e 2011 foram 555 suicídios entre
os Kaiowá e Guarani motivados por situações de confinamento, falta de
perspectiva, violência, afastamento das terras tradicionais e vida em
acampamentos às margens de estradas. Nenhum dos referidos suicídios
ocorreu em massa, de maneira coletiva, organizada e anunciada. “Não tem
oportunidade para a gente crescer, tem que ter um projeto voltado para
nosso povo”, diz Otoniel.
Outro
caso de violência dá conta de denúncia feita por uma jovem de Pyelito
Kue. A indígena afirma ter sido violentada por um grupo de pistoleiros em Iguatemi. A
polícia investiga o caso depois que a perícia médica confirmou o
estupro. “A paciência dos Guarani Kaiowá acabou. As comunidades
decidiram partir para a ação mesmo. Na mídia só se anuncia a questão do
suicídio coletivo, mas não colocam a razão. Para os fazendeiros é mais
fácil falar que são os indígenas que estão se matando, mas na verdade
está acontecendo um genocídio por parte da Justiça e do Governo”, diz
Eliseu Lopes Guarani Kaiowá e representante do povo na Articulação dos
Povos Indígenas Brasileiros (Apib).
A
morte do cacique Nísio Gomes, tekoha Guaiviry que teve seu acampamento
invadido por homens armados, onde o sequestraram o corpo, até hoje
desaparecido, também foi lembrado na reunião com a presença de seu
filho. “Vai fazer um ano que meu pai está desaparecido. Os mandantes
estão soltos, mas os executores estão presos, queremos resultado, alguma
coisa, pelo menos algum osso. Meu pai deixou sangue na nossa terra e
não vamos sair de jeito nenhum”, conta Genito Gomes.