sexta-feira, 8 de março de 2013

Comitê vai intermediar relação entre produtores rurais e indígenas

Autoridades municipais, estaduais e federais participaram sexta-feira (25), no Paço Municipal, de uma reunião com lideranças indígenas dos municípios de Guaíra e Terra Roxa. O prefeito de Guaíra Fabian Vendruscolo aproveitou a oportunidade para anunciar a criação do Gabinete de Gerenciamento de Crises, um comitê especial que deverá intermediar a relação entre indígenas e produtores rurais na recente tensão promovida por uma rediscussão fundiária.
Nos últimos anos, houve um aumento considerável da presença indígena na região e a consequente criação de novos aldeamentos tem sido alvo de preocupação e críticas por parte dos produtores rurais e boa parte da sociedade, que temem pela demarcação de uma grande área – o que poderá afetá-los economicamente. “Nossa intenção é intermediar uma relação que está pendendo para o conflito. Temos que garantir que os direitos de ambas as partes sejam respeitados e que tudo seja resolvido de forma pacífica. Antes de qualquer coisa, nós precisamos entender melhor essa questão, quais são as políticas públicas vigentes, os critérios e até mesmo os motivos do aumento no fluxo de nossa população indígena”, comentou Fabian.
A opinião é a mesma do prefeito de Terra Roxa, Ivan Reis, que também participou da reunião. “Queremos tomar atitudes que devolvam a tranquilidade e que primem pela harmonia e a busca por uma sociedade igualitária”, disse.
Cadastro
Para o coordenador do Gabinete, o secretário de Planejamento e Coordenação Josemar Ganho, será preciso realizar um cadastro único para diagnosticar e depois propor um plano de ação. Uma comissão multidisciplinar vai percorrer as nove aldeias de Guaíra de 18 de fevereiro até 5 de março com o objetivo de levantar as principais informações.
Reivindicações indígenas
Os caciques das 13 aldeias existentes entre Terra Roxa e Guaíra expuseram suas dificuldades e rebateram algumas acusações. “Queremos o direito de viver segundo os nossos costumes, estamos buscando o nosso espaço para vivermos tranquilos. Nós fomos abandonados pelas políticas públicas. Estamos sendo tratados como estrangeiros, mas não somos estrangeiros”, destacou Ilson Soares, cacique da aldeia Tekohá Yhouy.
Ação
Durante o discurso de encerramento, o prefeito de Guaíra reiterou que irá buscar uma solução para o problema. “Eu e o Ivan vamos fazer a nossa parte, chamar a responsabilidade do estado e da União para tentar dar uma resposta rápida. Penso que as políticas públicas inclusive serão mais fáceis de serem acessadas se as terras que estiverem em questão forem do município, do estado, ou da União. A questão de desapropriação já é mais complexa e carrega junto consigo um desgaste. Acho  o respeito à propriedade privada um princípio interessante”, reiterou.
O indigenista da Funai Diogo de Oliveira elogiou a iniciativa e anunciou que a Funai está mobilizando uma equipe para acompanhar os trabalhos. “Acho que a prefeitura tem se colocado de maneira muito clara a favor de uma solução para o impasse. Isso é uma demonstração de um trabalho participativo. O objetivo da Funai em Guaíra é promover o diálogo e não tratar de regularização fundiária. Inclusive uma equipe técnica está sendo mobilizada em Brasília para ajudar na questão aqui do recadastramento”, informou.
Participaram do encontro os deputados estaduais Elton Welter e Ademir Bier, o ex-prefeito de Nova Laranjeiras, Eugenio Milton Bittencourt, o juiz federal Sócrates Hopka Herrerias, a presidente da Câmara, Tereza Camilo dos Santos, e os líderes indígenas  das aldeias Tekohá Yhouy; Tekohá Marangatu; Tekohá Porã; Tekohá Jevy; Tekohá Karumbey; Tekohá Tatury; Tekohá Guarani; Tekohá Araguajy; Tekohá Nhemboeté; Pohã Renda; Yvyraty Porã e Tajy Poty.


  




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